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– – Sem Recreio

22 de março de 2021

Distantes do olhar protetor dos educadores

Mais tempo fora das salas de aula significou maior vulnerabilidade em período de crise sanitária

Por Joana Suarez, Luiza Muzzi e equipe LC

Pelas mãos machucadas dos alunos, o professor Gilberto Bazilewicz aprendeu a reconhecer quem trocava os livros pela lavoura. Foto: Emilene Lopes

As pesquisas sobre crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil ou submetidos a outras violações durante a pandemia seriam determinantes para adotar políticas de enfrentamento e proteção. A ausência de estatísticas, a subnotificação e a falta de ações governamentais tornam-se mais graves somadas ao afastamento dos alunos do olhar atento de um professor

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Eram os educadores em sala de aula que acolhiam quando a casa e a rua oprimiam. A distância e as telas intermediando o contato tornaram-se barreiras para essa relação de afeto e cuidado.  

 

O professor Gilberto Bazilewicz conseguia, olhando as mãos calejadas dos seus alunos, perceber aqueles que estavam trabalhando pesado nas lavouras em Barra do Ribeiro, município pequeno e rural que fica a 56 km de Porto Alegre. Ele aprendeu a reconhecer o que viveu na própria infância. Gilberto abandonou a escola aos 14 anos pela lida no campo. Desde os 10 morava em uma fazenda onde recebia abrigo, comida e dinheiro em troca de serviço. 

A trajetória de Gilberto mudou aos 27 anos quando decidiu cursar Geografia para lecionar. Muito mais do que falar de mapas, clima e vegetação, ele tem se esforçado na pandemia para não perder o contato com os estudantes. Os professores levam as atividades nas casas ou ligam para os pais, a fim de saber porque não estão participando das aulas. 

 

Quando os meninos estavam na escola, havia ao menos um turno garantido, dedicado ao aprendizado e à vivência da idade. Os educadores sentem o quanto foi perdido agora e ainda não sabem se será possível recuperar. “Alguns (estudantes) já me disseram: consegui trabalho na pandemia, não vou voltar depois”, contou Gilberto, lamentando a repetição de sua história, já que “a prioridade deveria ser a escola”.

28%

dos jovens de 15 a 29 anos pensam em deixar os estudos quando as escolas e universidades reabrirem.É o que apontou pesquisa do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) em 2020. 

Quanto pior a situação de vulnerabilidade de uma família, maior o risco de exploração e mais degradante o trabalho exercido. Foto: Joana Suarez

Folhas em branco

Em várias comunidades brasileiras onde alunos têm dificuldades de acesso à internet, o aprender virou apenas folhas de tarefas entregues pela escola. Esses papéis são devolvidos, por vezes, sem resposta, ou nem isso. Muitos desapareceram quando o desemprego e a insegurança alimentar se impuseram. 

 

Entre as crianças que a reportagem encontrou, várias foram forçadas ao trabalho por essa maior vulnerabilidade fora da escola. Manuela*, filha de catadores no Rio Grande do Sul, estava entregando as atividades em branco e os professores souberam que ela catava latinhas nas ruas para não ficar sozinha em casa. A menina tímida de 12 anos não conseguia calcular, ler ou escrever bem. 

 

Na tentativa de manter os laços com a aluna, a escola marcou um dia para ela realizar as atividades com o auxílio dos professores do programa Sala de Recursos. Foi um dos poucos momentos em que ela não precisou catar latinhas.

Grande parte das histórias que constam no mapa do especial Sem Recreio vieram à tona por meio de professores e diretores que estão preocupados com suas salas reduzindo de 40 para até 5 alunos nas plataformas online. “Tem turma que só 3 ou 4 apareceram, alguns só marcam presença, não entregam tarefas, não participam da aula”, afirmou a professora de Sociologia Romã Duarte Neptune, do Rio de Janeiro. 

 

Via grupos de WhatsApp com estudantes ou mesmo no momento de entrega da cesta básica mensal, educadores tomam conhecimento daqueles que estão trabalhando precocemente, entre outros motivos que os roubaram do ensino.    

 

Há alunos que o pai perdeu o emprego. Uma menina saiu de casa e estava morando com a amiga. Tem uma que foi para o interior (do estado). Outra montou uma loja virtual de tênis”, elencou o professor de Português Eduardo Ezequiel, de Belo Horizonte, que começou o último ano dando aulas para 90 estudantes e terminou com 20. 

Busca ativa

Mas quem lida com a educação e os direitos da infância não costuma desistir facilmente. Por todo o Brasil, professores, conselheiros tutelares e outros servidores da área se reinventaram na tentativa de resgatar e manter vínculos. 

 

“Fora da escola não pode, mesmo que a escola esteja funcionando em outros formatos”. Esse foi o mote de uma campanha de Busca Ativa Escolar lançada em setembro pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). A proposta era convidar cada município a realizar uma mobilização local, identificando, com auxílio de uma plataforma gratuita, quem não estava tendo acesso e tomando as medidas necessárias para garantir esse direito. 

 

O resultado foi quase 36 mil rematrículas no país entre abril e dezembro de 2020, segundo o Unicef. “O desinteresse na escola foi uma das causas mais recorrentes (para a evasão) nesse momento”, relata Ana Carolina Fonseca, oficial de programas do Unicef no Brasil. 

 

Todos os fóruns estaduais de erradicação do trabalho infantil observaram que o cenário piorou em seus territórios, sem as escolas presenciais. “Não temos dados oficiais, mas quem está na ponta pode com tranquilidade afirmar isso”, garantiu a assessora do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) Tânia Dornellas.

26%

O Unicef revelou um aumento de 26% na incidência de trabalho infantil apenas entre maio e julho de 2020. A informação foi levantada com 52 mil famílias de São Paulo.

Os irmãos Carlos* e Júlia*, de 8 e 6 anos, tiveram que acompanhar os pais na labuta informal pelas ruas, não tinham com quem ficar. A repórter de Natal se deparou com a dupla vendendo feijão verde colhido no interior do Rio Grande do Norte, onde moravam. 

 

No Macapá, a pequena Catarina* tinha compromissos incompatíveis com seus 11 anos de vida. Vendia doces, cuidava da irmã mais nova e trabalhava em um espetinho à noite. Nem se ela quisesse ou os professores ajudassem, seria possível, com essa rotina, assistir aulas de manhã pela tela quebrada do celular. 

“Quanto mais fragilizado o vínculo (com a aprendizagem), mais difícil é o retorno. Como sociedade, devemos fortalecer o discurso de que as crianças precisam estar na escola, aprendendo”, afirmou a oficial do Unicef. Para Ana Carolina, esse é um compromisso a ser assumido, seja com ensino a distância, seja presencial. 

 

A reportagem procurou o Ministério da Educação para saber quais foram as ações nacionais para combater a evasão escolar. A pasta destacou duas medidas: um webinário em parceria com o Unicef para promover a busca ativa, e um plano emergencial de contribuição financeira com as escolas para elas se reestruturarem para o retorno presencial (sem informar valores).