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Sem Recreio

Sem título

22 de março de 2021

MARANHÃO

Mendicância em frente ao shopping

João*, Maria* e José*, 12, 13 e 14 anos, São Luís (MA)

Ilustração: Pablito Aguiar

Os três irmãos João*, Maria* e José*, com 12, 13 e 14 anos, moradores de palafitas do Rio Anil, em São Luís, começaram, durante a pandemia, a pedir dinheiro nas imediações de um grande shopping na capital maranhense. Mesmo quando o governo estadual estabeleceu o lockdown, o trio estava nas ruas tentando uns trocados para comprar comida, enquanto a mãe se ocupava dos outros três filhos, de 2 a 5 anos de idade, em casa. 

O Conselho Tutelar do município localizou os irmãos e visitou a família. Descobriram que eles não estavam acompanhando as aulas remotas da escola. Neste ano, passaram a receber apoio do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e saíram das ruas. 

Repórter: Djuena Tikuna

RIO GRANDE DO NORTE

Feijão do campo para a cidade

Carlos* e Júlia*, 8 e 6 anos, Natal (RN)

Os pais de Carlos*, de 8 anos, e Júlia*, de 6 anos, se dividem entre trabalho informal na agricultura e coleta de lenha que vendem para fábricas de carvão. Eles moram em São Tomé, município rural a 120 km de Natal, no Rio Grande do Norte. Todo fim de ano, durante o período chuvoso, vão para a capital vender feijão verde. Em 2020, sem escola, as crianças foram junto e ficaram nas ruas oferecendo o alimento junto com os pais. 

A mãe, de 27 anos, conseguiu ser aprovada para receber o auxílio emergencial, mas teve o benefício cortado sem justificativa no segundo mês de pagamento. A avó, que ajudava cuidando das crianças, contraiu covid-19. As atividades escolares remotas logo foram abandonadas, e os filhos foram para as saídas dos supermercados da capital potiguar. 

“Eu não gosto de ter que trazer eles. Mas não tem com quem deixar, o que vou fazer?”, indagou a mãe. Sendo quatro pessoas, a família se espalha pelas ruas e consegue vender mais. Nos períodos sem cliente, pedem dinheiro no sinal de trânsito. O menino fala da saudade das brincadeiras no recreio escolar e sente falta da avó que ficou em São Tomé. “Estou acostumado a ficar mais com os velhos”, disse ele. 

Repórter: Mariana Ceci

PERNAMBUCO

Empurrando carrinho de feira

Bruno*, Felipe*, Rafael* e Vicente*, 10 a 13 anos, São Bento do Una (PE)

Foto: Victória Alvares

Não é raro ver crianças e adolescentes fazendo serviço de “frete” na feira livre de São Bento do Una, no agreste pernambucano. Em fila, entre as barracas, sentados em seus carrinhos de mão, eles aguardam que alguém solicite para carregar os alimentos. Cobram entre R$ 3 e R$ 10 a depender da distância percorrida até a residência do cliente. A reportagem do Lição de Casa conheceu Bruno*, Felipe*, Rafael* e Vicente*, de idades entre 10 e 13 anos, trabalhando em tempos de pandemia.

Bruno*, de 13 anos, era um dos mais calmos e centrados. Começou a fazer frete durante a pandemia. Nunca havia trabalhado. Não acompanha as aulas e não tem contato com nenhum professor. Felipe*, de 11 anos, era o menor e mais magrinho do grupo. Não tem celular nem internet na casa dele. Usa o dinheiro que ganha na feira para jogar em uma lan house. “Eu via todos os meus amigos fazendo frete, aí eu fiquei com vontade de fazer também”. Ganhou a carroça da tia para trabalhar. 

Rafael*, de 12 anos, o mais agitado, variava entre a carência e a raiva. Carregava sacola na feira desde os 10 anos. Dizia que aos 6 já queria começar a trabalhar, mas a mãe não deixou por ele ser muito “fraco” ainda. Havia conseguido juntar R$ 15 naquele dia. “Toda vez, deixo R$ 10 guardado. O resto, dou R$ 20 a minha mãe e fico com R$ 5”, calculou, se confundindo todo. 

Vicente*, de 10 anos, o mais novinho, estava ali, mas não tinha noção de dinheiro nem de tempo. Não sabia dizer desde quando trabalhava, nem mesmo há quantas horas estava na feira naquele dia. Ele estava satisfeito com o que tinha apurado até o momento: R$ 7, fora os R$ 8 que gastou mais cedo com um pastel, um enroladinho e um refrigerante.

Repórter: Victória Alvares

Do ensino para o trabalho integral

Daniel*, 16 anos, Belo Jardim (PE)

Morador de Belo Jardim, no agreste pernambucano, Daniel*, de 16 anos, mergulhou de cabeça no mundo do trabalho desde o início da pandemia. Aluno do 1° ano do Ensino Médio, no curso Técnico em Agropecuária, passou a trabalhar de diversas formas quando as aulas foram suspensas. Já descarregou caminhão de fruta, fez limpeza de uma loja, atuou com entrega de moto, em frete de mudança e em construção civil. 

No dia em que conversou com a reportagem, havia saído de casa às 7h e retornado às 19h. As rotinas foram ficando mais pesadas. “Quando sobrava coragem, eu ia trabalhar de noite”, contou. A família não o encoraja, mas também não o dissuade. “Pelo menos minhas coisas posso comprar, é uma despesa a menos”.

O adolescente sonha em poder ter sua própria criação de suínos. Antes da pandemia, ele acordava às 5h para colocar ração para os animais e limpar o local antes de ir para a escola, onde ficava até às 17h, pois era aluno do ensino integral. “Era uma rotina bem saudável”, lembra Daniel.  

Apesar do retorno das aulas no modelo remoto, ele não estava estudando. “Eu faço os trabalhos, as atividades, mas assistir à aula mesmo, eu não consigo”. Além da dificuldade em se concentrar, Daniel não tem internet nem computador em casa. Conseguiu comprar um celular melhor com o dinheiro do trabalho e, quando precisa de wifi, pede ao vizinho. Como ele, mais da metade da turma está trabalhando e só pretende voltar de fato quando a escola for reaberta.

Repórter: Victoria Alvares

Sanduíches no delivery noite adentro

Maia*, 13 anos, Recife (PE)

Foto: Reprodução Instagram

A mãe e a avó de Maia*, de 13 anos, pegaram covid-19 e ficaram sem trabalho. A avó morreu em maio com a doença. A aposentadoria dela era grande parte da renda da família. O pai ficou desempregado e voltou de Manaus, onde morava. Com a situação apertada para todos os lados, Maia viu a necessidade de fazer hambúrguer para vender e conseguir dinheiro. O movimento era maior na parte da noite, com isso, às 8h da manhã, não havia disposição para assistir às aulas por tela. 

“Eu me esforçava ao máximo nos lanches e no outro dia ficava com muito sono”, disse a garota. Chegava a vender até 15 hambúrgueres por noite, os quais ela mesmo entregava. Fazia também cachorro-quente, mas o que mais saía era o X-Tudo para adultos, a R$ 8, e os sanduíches simples para crianças, a R$ 3,50. Maia não faz ideia do dinheiro que entrava por mês, mas recebia R$ 50 da mãe para compras pessoais. 

Foi um ano difícil para a menina, que perdeu a avó com quem ela era muito apegada, mas não pôde viver o luto nem a própria adolescência – tampouco ser só estudante. Se sentiu responsável por ajudar a família em meio à crise, mas confessa que queria ter acompanhado as atividades escolares para entender mais dos assuntos. Percebeu a diferença de estar numa sala de aula interagindo e encontrando as respostas para as perguntas dos professores junto com os colegas. “Sozinha em casa é muito ruim”. 

Maia passou para o 8º ano com apoio das amigas na execução das tarefas, mas não assistiu a nenhuma aula remota direito. “Pretendo voltar a estudar agora que minha mãe conseguiu emprego”, disse a menina no início de 2021. 

Repórter: Joana Suarez