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22 de março de 2021

RIO GRANDE DO SUL

Mais horas na lavoura

André*, 14 anos, Barra do Ribeiro (RS)

Ilustração: Pablito Aguiar

Já faz tempo que André*, de 14 anos, ajuda o pai na lavoura. Com as aulas presenciais interrompidas pela pandemia, no entanto, a carga de trabalho do menino aumentou. Trabalha na roça com o pai e ainda começou a pegar serviço com os vizinhos. As mãos machucadas dos afazeres do campo revelam a dedicação intensa na lida. Mas o que não dá para perceber é para onde está indo o dinheiro de tanto trabalho. André anda maltrapilho e frequentemente pede ajuda para uma família de professores.

 

Além de roupas e calçados, os educadores  também o auxiliam nas questões da escola. Foram eles que narraram a situação de André à reportagem. O cotidiano atarefado do garoto no campo não permitiu que ele acompanhasse as aulas online, mas tentou realizar algumas atividades para não passar o ano letivo em branco.

O esforço de André em não abandonar totalmente a escola também pode ter relação com a vontade de se afastar de um lar tumultuado, onde atualmente vive com o pai e a madrasta, mas que já foi palco de muitas brigas. Na época, até o Conselho Tutelar foi chamado para fiscalizar a situação e proteger o garoto.

Repórter: Emilene Lopes

Sai a matemática, entra o tanque de batata doce

Jéssica*, 17 anos, Barra do Ribeiro (RS)

Foto: Divulgação

A pandemia afastou Jéssica*, de 17 anos, da sala de aula e a aproximou de um galpão com tanques de água. É lá que ela pega a batata doce, mergulha num lavatório e, com a mão coberta por uma meia ou uma luva, esfrega para tirar toda a sujeira do alimento. Desde que as escolas fecharam, esse é o trabalho diário da adolescente, que acompanha a mãe na lida, enquanto o pai trabalha como servente em obras. 

 

A família mora no alto de um morro, no interior da Barra do Ribeiro, município do Rio Grande do Sul. Jéssica é uma excelente aluna, se destacando especialmente em matemática. A motivação para estudar esbarrou na dificuldade de acesso à internet. A garota até tentou acompanhar as atividades online usando a internet do vizinho, mas ele  logo não pôde continuar pagando a mensalidade e o sinal foi interrompido.

 

Jéssica decidiu então focar no trabalho que rende, em média, R$ 4  por cada caixa de batata doce lavada. Os professores – que nos relataram essa história – insistiram em manter o vínculo da aluna com a educação e isso fez com que ela entregasse pelo menos alguns trabalhos em janeiro passado, quase no fim do ano letivo estadual.

Repórter: Emilene Lopes

Catando latinhas pelas ruas

Manuela*, 12 anos, São Luiz Gonzaga (RS)

Acompanhar os colegas do 6º ano sempre foi difícil para Manuela*, de 12 anos. Trocava letras e palavras na hora de ler e escrever e não conseguia fazer as operações de matemática. Uma das poucas matérias que ia bem era a de Artes. Sem as aulas presenciais, a menina passou a entregar as atividades em branco na escola. Quando a direção foi investigar o motivo, descobriu que, além da dificuldade, Manuela também trabalha com os pais catando latinhas pelas ruas de São Luiz Gonzaga. 

 

Pai e mãe são catadores. Manuela e o irmão gêmeo, Mateus, acompanham os pais, não só para aumentar a coleta, como também para que não fiquem sozinhos em casa. A mãe tem medo dos perigos do bairro onde moram.

Repórter: Larissa Burchard

Pastelzinho na praça

Vinícius* e Ricardo*, 10 anos, São Borja (RS)

Foto: Larissa Burchard

Quem passava pelo centro de São Borja, no Rio Grande do Sul, no final de 2020, poderia ser abordado por dois meninos com caixas térmicas cheias de salgado: “Vai um pastelzinho?”. Com a escola fechada, os irmãos Vinícius* e Ricardo*, ambos de 10 anos (nasceram no mesmo ano), vendiam os pastéis feitos pela mãe na frente de supermercados e para quem atravessasse a praça XV de Novembro. Algumas vezes, mais um membro da família se juntava: Luís, de 5 anos, ainda chupando bico.

 

A pandemia afetou a renda da família. O pai, que trabalhava em obras, viu o serviço diminuir, e a mãe teve que aumentar o ritmo de produção dos lanches para conseguir o básico à família. O casal tem oito filhos, cinco meninos e três meninas. Aqueles que não estão vendendo os salgados auxiliam o pai na construção de um anexo ao lado da casa. O sonho da família é ter uma lancheria. 

 

Sem o auxílio emergencial, o dinheiro não seria suficiente para se sustentarem e manterem a construção. Por isso, Vinícius e Ricardo passavam as tardes vendendo pastéis. Depois de um tempo, cada um ganhou uma carteira para guardar uma porção do dinheiro que recebia. Vinícius não se separava da sua e acumulava para gastar no bolicho (pequeno comércio) perto do assentamento onde moram. Quando tinham tempo, respondiam as folhinhas escolares que pegavam com os professores.

 

Algumas denúncias chegaram ao Programa de Erradicação de Trabalho Infantil (PETI) e a família recebeu visitas de assistentes sociais. Primeiro, foi orientada para que pelo menos um dos pais acompanhasse as vendas até que eles conseguissem se organizar e tirar os meninos da rua. Depois, um funcionário do Ministério Público do Trabalho os advertiu sobre a atividade. Desde então, os meninos ficam em casa e a família segue em dificuldade. 

Repórter: Larissa Burchard

Cimento e tijolo o dia inteiro

Danilo*, 15 anos, São Luiz Gonzaga (RS)

Foto: Larissa Burchard

Por ser o mais velho da turma do 7º ano do Ensino Fundamental, Danilo*, de 15 anos, sente que ele e os colegas, de 12 e 13 anos, não falam a mesma língua. Enquanto uns brincavam, ele precisava mexer cimento, montar tijolos e nivelar casas. O trabalho pesado que ocupava um turno, passou a tomar o dia inteiro do garoto sem aulas. Enquanto a mãe cuidava dos dois irmãos mais novos, Danilo trabalhava na construção civil como ajudante de pedreiro junto com o pai. 

 

A maioria do dinheiro que conseguiu construindo casas ia para o sustento da família. O pouco que sobrava, o jovem guardava até conseguir comprar algo para si. As professoras, que contaram esse caso, elogiaram a inteligência de Danilo, mas o cansaço superou a vontade de estudar. Ele foi um dos alunos que entregou as atividades da escola em branco e, sem o olho no olho de uma sala de aula, ficou mais difícil o acompanhamento por parte dos educadores.

Repórter: Larissa Burchard